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Tiradentes e os 20% de impostos: O que ele diria do Brasil que cobra o dobro?

Celebrar Tiradentes é mais do que descansar em um feriado. É refletir sobre o Brasil que somos

Tiradentes e os 20% de impostos: O que ele diria do Brasil que cobra o dobro?
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No dia 21 de abril, o Brasil celebra o feriado de Tiradentes, mártir da Inconfidência Mineira, símbolo da resistência à exploração e à opressão tributária da Coroa Portuguesa. Mas em pleno século XXI, em um Brasil livre, independente e democrático, a pergunta que ecoa é: como podemos homenagear um herói que morreu lutando contra 20% de imposto, vivendo hoje em um país onde a carga tributária ultrapassa os 40% do PIB?

Um breve retorno ao século XVIII: Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, uniu-se a outros inconfidentes para denunciar a exploração colonial. A derrama — cobrança forçada de impostos atrasados — revoltou a população. O famoso “quinto dos infernos” exigia que 1/5 de todo o ouro fosse enviado a Portugal. Tiradentes viu nessa injustiça o estopim para a revolta.

Do quinto ao dobro: o paradoxo moderno Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a carga tributária brasileira chegou a 33,7% do PIB em 2022, mas se incluirmos tributos indiretos, taxas e encargos ocultos, o peso real sobre o cidadão pode ultrapassar 42% da renda — mais que o dobro dos temidos 20% que motivaram a revolta de Tiradentes. E a contradição é evidente: pagamos mais, mas temos menos retorno.

Educação, saúde, segurança e infraestrutura precárias fazem com que o brasileiro ainda precise pagar do próprio bolso por serviços essenciais, que teoricamente deveriam ser garantidos com os impostos. É o chamado “custo Brasil”: uma das cargas tributárias mais altas do mundo, combinada a um dos piores retornos em qualidade de vida entre os países em desenvolvimento.

O peso no prato e no bolso Um simples pacote de arroz pode chegar ao consumidor com até 40% de carga tributária embutida. Um shampoo, mais de 50%. Salário? Quase 40% comprometido com INSS, IR e outros encargos. Para microempresários, empreendedores ou donos de pequenos negócios, a complexidade e os custos da burocracia fiscal brasileira são asfixiantes.

E se Tiradentes vivesse hoje? Talvez não fosse enforcado — mas certamente estaria revoltado. Em vez de conspirar em becos de Vila Rica, talvez estivesse discursando em redes sociais ou sendo processado por "questionar a ordem tributária". Lutaria por reforma fiscal, por justiça tributária e pelo fim do desperdício e corrupção com o dinheiro público.

Como homenagear Tiradentes hoje? Cobrando transparência do governo. Lutando por uma reforma tributária justa e menos burocrática. Exigindo que os impostos pagos retornem em serviços de qualidade para a população. Estimulando educação fiscal e cidadania ativa.

Celebrar Tiradentes é mais do que descansar em um feriado. É refletir sobre o Brasil que somos — e o Brasil que queremos ser. Não é exagero dizer que a luta dele ainda continua, e cabe a cada cidadão assumir esse legado.

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