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Real lidera ranking de desvalorização frente ao dólar em 2025: entenda as causas

Entre fatores externos e internos, o Brasil enfrenta o pior desempenho entre todas as principais economias

Real lidera ranking de desvalorização frente ao dólar em 2025: entenda as causas
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O ano de 2025 trouxe uma escalada de tensões globais e desafios internos que afetaram diretamente a cotação do real frente ao dólar. A moeda brasileira ocupa, atualmente, o primeiro lugar no ranking mundial de desvalorização cambial, segundo levantamento da Austin Rating, divulgado em abril de 2025.

Entre fatores externos e internos, o Brasil enfrenta o pior desempenho entre todas as principais economias, agravando a percepção de risco e afastando investidores.

Ranking das Moedas que Mais Perderam Valor Frente ao Dólar (Austin Rating – abril 2025):
1. Real Brasileiro (Brasil): -5,1%
2. Peso Colombiano (Colômbia): -5,0%
3. Dinar Líbio (Líbia): -3,5%
4. Peso Argentino (Argentina): -3,0%
5. Lira Turca (Turquia): -2,8%
6. Rand Sul-Africano (África do Sul): -2,6%
7. Rúpia Indonésia (Indonésia): -2,4%
8. Rupia Indiana (Índia): -2,0%
9. Yuan Chinês (China): -1,8%
10. Euro (Zona do Euro): -1,5%

Fonte: Austin Rating (abril 2025), CNN Brasil

Por que o Real Brasileiro lidera as perdas?

A forte desvalorização do real é resultado da combinação de fatores políticos internos e externos:

Fatores Externos
Guerra Comercial EUA x China:
A intensificação da guerra comercial, com tarifas de até 104% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses, gerou uma onda de aversão ao risco nos mercados globais.
Investidores buscaram ativos mais seguros como o dólar americano, vendendo ativos de países emergentes, incluindo Brasil, África do Sul, Colômbia e Turquia.

Alta dos Juros nos EUA
O Federal Reserve (Banco Central dos EUA) manteve os juros elevados em 2025, atraindo ainda mais capital para títulos americanos e provocando fuga de capitais dos países emergentes.

Crise nas Commodities
Como o Brasil é exportador de commodities (soja, minério de ferro, petróleo), a queda dos preços globais pressionou ainda mais a balança comercial e a receita de exportações brasileiras.

Fatores Internos
Instabilidade Fiscal e Política:
O governo federal enfrenta déficits fiscais crescentes, com aumento de gastos públicos e dificuldade em aprovar reformas econômicas estruturais.
A credibilidade da gestão fiscal foi abalada após o anúncio de um pacote de medidas tributárias impopulares, que incluem novos impostos sobre setores produtivos.

Sinalizações Negativas do Governo
Declarações de autoridades questionando o teto de gastos, defendendo maior intervenção estatal e criticando o Banco Central geraram desconfiança no mercado.

Saída de Investidores Estrangeiros
Apenas no primeiro trimestre de 2025, houve retirada líquida superior a R$ 40 bilhões da Bolsa brasileira, conforme dados da B3 (Bolsa de Valores do Brasil).

Pressões sobre a Autonomia do Banco Central
Críticas constantes à política monetária independente do Banco Central aumentaram a percepção de risco político, prejudicando a estabilidade do real.

Consequências Práticas da Desvalorização
Inflação: A desvalorização cambial tende a pressionar preços de produtos importados, impactando a inflação doméstica.
Aumento da Dívida Pública: Como parte da dívida brasileira é indexada ao dólar, o enfraquecimento do real eleva o custo da dívida externa.
Custo de Vida: Produtos como combustíveis, eletrônicos, remédios e alimentos importados ficam mais caros, afetando o bolso do consumidor.
Insegurança para Investimentos: A instabilidade cambial dificulta novos investimentos estrangeiros diretos no país.

Perspectivas para o Resto de 2025

A reversão desse cenário depende de:
Adoção de medidas fiscais críveis, com redução de gastos e compromisso real com o equilíbrio das contas públicas;
Preservação da autonomia do Banco Central e manutenção da política de juros focada na estabilidade monetária;
Redução das incertezas políticas internas, com pacificação institucional e melhora no ambiente de negócios;
Melhora das condições externas, como trégua na guerra comercial entre EUA e China.

Se essas condições não forem atendidas, o real pode continuar pressionado, colocando o Brasil em uma situação ainda mais frágil no cenário internacional.

FONTE/CRÉDITOS: Vinicius Brandão
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