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STF sob pressão: Fachin propõe Código de Conduta para ministros

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, trabalha na criação de regras éticas para os tribunais superiores, mas enfrenta barreiras internas e políticas.

STF sob pressão: Fachin propõe Código de Conduta para ministros
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O debate sobre a conduta dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ganhou força após episódios recentes que geraram críticas da sociedade e do meio político. O foco central é a proposta do ministro Edson Fachin de implementar um código de ética unificado para magistrados de todas as cortes superiores brasileiras.

O estopim: O caso Banco Master e a viagem ao Peru

O episódio que acelerou as discussões envolveu o ministro Dias Toffoli. Pouco antes de decretar sigilo absoluto em uma investigação sobre fraude financeira envolvendo o Banco Master e o Banco de Brasília (BRB), o magistrado viajou em um jato particular para Lima, no Peru, para assistir à final da Libertadores.

O que causou polêmica foi a companhia: Toffoli estava com o advogado de um dos diretores do Banco Master que havia sido preso em uma operação policial. O caso levantou dúvidas sobre conflitos de interesse e a imparcialidade do tribunal.

O que dizem os defensores do Código

Parlamentares de centro e direita, além de entidades como a OAB-SP e a Fundação Fernando Henrique Cardoso, defendem que o STF precisa de regras claras para:

  • Conflitos de interesse: Impedir que relações pessoais influenciem julgamentos.

  • Transparência financeira: Declarar pagamentos recebidos por palestras e eventos externos.

  • Eventos privados: Disciplinar a participação de ministros em encontros financiados por empresas ou partes interessadas.

  • Quarentena: Proibir que ex-ministros advoguem no Supremo logo após deixarem o cargo.

O modelo Alemão

Fachin estuda o modelo do Tribunal Federal Constitucional da Alemanha, que possui 16 normas rígidas. Entre elas:

  1. Magistrados não devem permitir que a vida privada comprometa a reputação da Corte.

  2. Informações internas devem ser mantidas em sigilo, mesmo após o mandato.

  3. Presentes e benefícios só podem ser aceitos se não houver qualquer risco à integridade do ministro.

Por que existe resistência?

Apesar do apoio externo, a proposta encontra barreiras dentro do próprio STF:

  • Melindre institucional: Alguns ministros temem que criar um código agora pareça uma confissão de culpa diante das críticas do Congresso.

  • Regras atuais: Especialistas como a professora Telma Rocha Lisowski argumentam que já existem leis (como a Loman e o Código de Processo Civil) que punem má conduta, embora admitam que um código específico teria valor "simbólico e pedagógico".

  • Contexto Político: Há receio de que as novas regras deem munição para o Senado em projetos que tentam limitar os poderes do Supremo ou atualizar a Lei do Impeachment.

Próximos Passos

Para que o código seja aprovado, ele precisa passar pelo Plenário do STF e receber ao menos seis votos favoráveis. Fachin deve apresentar um texto inicial mais genérico para colher sugestões dos colegas e reduzir a resistência interna antes da votação definitiva.

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