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Carnaval de Porto Seguro: entre desafios e oportunidades

Falhas na divulgação, atrações fracas e mobilização do setor.

Carnaval de Porto Seguro: entre desafios e oportunidades
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O Carnaval de Porto Seguro sempre gera debates acalorados sobre sua organização, investimento e impacto na economia local. Se por um lado há quem defenda a realização de um evento grandioso, com atrações de renome nacional, por outro, há questionamentos sobre a viabilidade financeira de bancar shows milionários com recursos públicos.

O empresariado local tem uma visão pragmática sobre a festa. Muitos reconhecem a importância do Carnaval para o turismo e para a movimentação econômica da cidade, mas questionam o modelo de financiamento adotado. Enquanto cidades como Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo operam com um Carnaval predominantemente privado, onde o folião paga para participar dos blocos e camarotes, em Porto Seguro a conta recai quase totalmente sobre a prefeitura.

Os números do Carnaval

Para entender o impacto financeiro do evento, basta analisar os cachês dos artistas no período carnavalesco:
Ivete Sangalo cobra cerca de R$ 1,5 milhão por show;
Léo Santana recebeu R$ 2 milhões da prefeitura de Salvador para quatro apresentações, o que dá uma média de R$ 500 mil por show, mas seu cachê pode chegar a R$ 1 milhão em eventos privados;
Claudia Leitte e Daniela Mercury variam entre R$ 450 mil e R$ 700 mil;
BaianaSystem, que recebeu R$ 300 mil para tocar no Furdunço, teve o cachê elevado para R$ 400 mil no Carnaval.

Os valores praticamente dobram no período do Carnaval oficial devido à alta demanda. Assim, surge a questão: vale a pena um município comprometer recursos públicos para pagar essas cifras astronômicas?

Falhas na divulgação e mobilização do setor

Outro ponto de crítica do empresariado é a falta de planejamento na divulgação. A programação oficial foi anunciada tarde demais, dificultando a vinda de turistas que poderiam ter se programado com antecedência. Ainda assim, os hotéis que trabalharam bem a divulgação e mantiveram preços justos conseguiram uma alta taxa de ocupação, chegando a 80%.

O comércio, por outro lado, registrou reclamações. Muitos comerciantes esperam que o poder público tome todas as iniciativas para atrair o público, enquanto o setor hoteleiro se organizou, previu cenários e garantiu bons resultados.

O futuro do Carnaval de Porto Seguro

Se Porto Seguro deseja reinventar seu Carnaval, o caminho pode estar na valorização dos artistas tradicionais do axé, que marcaram época e têm um público fiel, como Luiz Caldas, Armandinho (filho de Osmar, criador do trio elétrico), Zé Paulo e Alexandre Peixe. Esses nomes preservam a essência da folia baiana sem os custos exorbitantes das estrelas atuais.

Além disso, é essencial uma estratégia de fortalecimento do Carnaval local, com maior envolvimento do setor privado e um planejamento antecipado da festa. O sucesso da folia em outras cidades mostra que um evento bem estruturado e sustentável pode gerar retorno sem comprometer os cofres públicos.

O debate está lançado: Porto Seguro precisa repensar seu Carnaval. Queremos um evento sustentável e planejado ou continuar cobrando shows milionários bancados com dinheiro público? A resposta passa por um modelo mais eficiente, que una poder público e iniciativa privada em prol de um Carnaval verdadeiramente atrativo e viável.

Carnaval de Porto Seguro: Expectativa vs. Realidade das Atrações

O Carnaval de Porto Seguro sempre foi um dos eventos mais esperados do calendário turístico da cidade. No entanto, a edição deste ano deixou a desejar, especialmente no que diz respeito à escolha das atrações. Empresários e comerciantes locais, que esperavam um evento forte para impulsionar a economia, se frustraram com a programação.

Os depoimentos revelam um descontentamento generalizado: "O que tinha que ter sido feito já não foi", diz um empresário, apontando que a organização pecou na falta de planejamento e antecipação. Outro reforça: "Não estou defendendo gestão, mas o problema vai muito além de contratações milionárias pro Carnaval", destacando que a questão não se resume apenas a valores, mas à escolha das atrações e à falta de estratégia.

Uma das maiores críticas foi a ausência de artistas tradicionais do axé, justamente no ano em que o ritmo completa 40 anos. "O que vale a pena é, em um ano onde os 40 anos do axé são comemorados, termos um carnaval cheio de MC’s e Patati Patatá", ironiza um comerciante, indignado com a descaracterização do evento.

A discussão também mostrou que há uma crise de identidade na festa. Porto Seguro, conhecida como um dos berços da lambada e do axé, deixou esses ritmos de lado em favor de estilos que não fazem parte da tradição local. "Terra do axé é Salvador. Porto Seguro sempre foi a terra da lambada e nem toca lambada aqui", diz um empresário, reforçando a falta de conexão do evento com a identidade musical da cidade.

Enquanto isso, outros lembram que o axé já não domina nem mesmo Salvador como antes. "O Carnaval deixou de ser axé há quase 15 ou 20 anos. Nem em Salvador toca axé mais", observa um comerciante. No entanto, há quem discorde: "Só tem banda de axé em Salvador", rebate outro participante da conversa, indicando que o problema pode estar mais na percepção e no planejamento do que na ausência real do ritmo.

No fim das contas, a sensação geral é de que a escolha das atrações não foi bem pensada e que a organização falhou ao não atender à expectativa do público e do empresariado local. O Carnaval de Porto Seguro precisa se reinventar, mas sem perder sua identidade. A cidade pode até modernizar sua festa, mas não pode ignorar a força do axé e da cultura baiana, que sempre foram o diferencial do evento.

A pergunta que fica para o futuro é:
queremos um Carnaval planejado e sustentável ou continuaremos insistindo em fórmulas que não funcionam?

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