Momentos depois de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) formar maioria para o tornar inelegível, o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), afirmou ter levado “uma facada nas costas” ao ter sua inelegibilidade confirmada pela Corte. A declaração foi dada nesta sexta-feira, 30, durante conversa com jornalistas em Belo Horizonte. “Respeitei a Constituição, trabalhei dentro das quatro linhas. Parece que esse esforço todo não teve esse valor reconhecido. […] Não gostaria de me tornar inelegível”, disse Bolsonaro. “Há pouco tempo, levei uma facada na barriga. Hoje levei uma facada nas costas com a inelegibilidade por abuso de poder político”, continuou o ex-presidente. Em seguida, Bolsonaro voltou a citar o julgamento da chapa Dilma-Temer em 2017, dizendo que a jurisprudência foi alterada e que ele foi julgado e condenado pelo “conjunto da obra”. Questionado pelos jornalistas, o ex-presidente disse que vai conversar com seus advogados e verificar opções viáveis. “Eu vou conversar com os advogados. Vou ver o que o advogado tem a dizer sobre”, disse Bolsonaro.
O ex-chefe do Executivo também analisou o cenário político do país, dizendo que a oposição para Lula em 2026 ainda não existe. Em seguida, ele ironiza o atual presidente, chamando o atual mandatário de “grande democrata” e afirmando que o TSE trabalhou contra suas propostas. “O caminho está bastante avançado para uma ditadura. Eleições sem confronto não é democracia. Quem seria oposição para o atual mandatário que está ai em 2026? No momento, ainda não tem nome. Pode ser que apareça, mas não tem nome. Seria quase um W.O. ou poderiam, por aclamação, lá no TSE, continuar o mandato do Lula, afinal de contas ele é um grande democrata. Um cara que esteve na cadeia por tanto tempo, condenado por nove juízes em três instâncias, tirado da cadeia para disputar a presidência. Um massacre para cima de mim, por parte de alguns setores da sociedade, e também um Tribunal Superior Eleitoral que trabalhou contra as minhas propostas. Fui proibido de mostrar imagens do Lula defendendo aborto, dizendo que pode roubar um celular para tomar uma cervejinha”, afirmou o ex-presidente.
Em outro momento, Bolsonaro destacou que não houve corrupção durante seus quatro anos de governo e relembrou que o TSE chegou a proibir até a realização das tradicionais transmissões ao vivo, que eram feitas semanalmente às quintas-feiras. “Acredito que tenha sido a primeira condenação por abuso de poder politico. Acredito que esse tenha sido meu crime, um crime sem corrupção. Desde que assumi falaram que eu ia dar golpe. Acompanhamos as eleições, a maneira como TSE agiu e proibiu até de fazer live na minha casa”, disse Bolsonaro. “Acho que o Brasil fica de luto, alguém vai soltar fogos, obviamente. (O Lula) Vai entrar em campo para ganhar por quase W.O. em 2023, mas isso é democracia”, afirmou em outro momento o ex-mandatário.
O julgamento que tornou Bolsonaro inelegível começou na semana passada. O relator do caso, ministro Benedito Gonçalves, votou pela inelegibilidade do ex-chefe do Executivo, sendo acompanhado por Floriano de Azevedo, André Ramos Tavares, Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes. Por outro lado, os ministros Raul Araújo e Nunes Marques se posicionaram contra a decisão. Bolsonaro é acusado de abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicações por causa da reunião com embaixadores realizada no dia 18 de julho de 2022. Na ocasião, o ex-mandatário reuniu chefes de missões diplomáticas e pontuou supostas falhas de segurança no sistema eleitoral brasileiro. Dentre os itens citados pelo ex-presidente, estão o ataque hacker ao sistema da Corte e mencionou o convite feito pelo então presidente do TSE para observadores internacionais acompanharem o pleito, dizendo não saber o que viriam fazer no país.
Comentários: